No panorama econômico nacional uma série de condições, como: a retração da economia, a desaceleração de investimentos, o crescimento da inflação, desvalorização da moeda, além de condições do tempo (ambientais) estão relacionadas à necessidade de reajuste tarifário e de encargos da energia elétrica para os consumidores; um dos mais relevantes no mercado de energia com certeza são as bandeiras tarifárias.
Bandeiras tarifárias, segundo a ANEEL, é o sistema que sinaliza aos consumidores os custos reais da geração de energia elétrica.
Na prática, as cores das bandeiras indicam o quanto de taxa extra o consumidor vai pagar. Além de repassar ao consumidor o custo de geração, essa iniciativa também tem como objetivo estimular o uso consciente deste recurso.
Neste ínterim, a implantação de um Sistema de Gestão de Energia figura-se como necessário inclusive para reduzir custos.
A ISO 50001 – Sistema de Gestão de Energia é uma norma internacional que define práticas de gestão de energia em mais de 60 países; os benefícios dessa certificação são claros, com destaque para os seguintes:
- Monitorar o uso da energia e verificar em que pontos pode ser melhorada a eficiência;
- Melhorar o desempenho para consumir menos energia.
- Identificar e gerenciar os riscos no uso das fontes de energia;
Para estruturar este conjunto de ações é necessário conhecer os processos produtivos, com detalhes, e investir para economizar; alguns exemplos de ações práticas são: combater desperdícios identificados no cotidiano (perdas com vazamento de vapor, perdas de energia elétrica); substituir motores antigos por outros de alto rendimento; substituir a tecnologia de iluminação (LEDs apresentam alto investimento inicial, mas vale a pena o investimento se avaliada a baixa manutenção e durabilidade/confiabilidade).
O primeiro passo para a certificação consiste realmente em elaborar estudos para entender as diretrizes da norma; a seguir, vem o diagnóstico dos processos, o qual permite identificar pontos de não conformidade e melhoria em prol da melhor gestão da energia, com revisão de procedimentos e instruções operacionais; por fim, a implantação de indicadores para acompanhamento sistemático das ações e informação a todos os funcionários viabilizam a eficácia e melhoria contínua da gestão.
Atualmente apenas 20 empresas brasileiras têm essa certificação, mas na realidade constata-se que os passos para esse processo em geral fazem parte de qualquer Plano de Gestão de Recursos básico que a maioria das empresas já têm implantado. Necessário apenas se faz estruturá-lo e organizá-lo.
Para finalizar, transcrevo os passos para implementação da Norma ISO 50001, do Artigo “Lições para a ISO-50.001”, de Júlio Santos, publicado na Revista Brasil Energia, nº 416, julho 2015, pág 55.
- Identificação da energia pela gerência, ao nível da alta direção;
- Definição da equipe para o projeto;
- Definição do escopo do sistema de gestão;
- Plano de projeto;
- Relatório inicial de energia, determinação do perfil e linha de base;
- Treinamento da equipe de projeto e conscientização dos colaboradores;
- Objetivos, metas e definição do programa;
- Responsabilidade e competência, procedimentos e instruções escritas;
- Validação de sistemas de medição e análise dos indicadores;
- Auditoria interna e definição de ações corretivas e revisão do sistema;
- Auditoria de certificação.
Aproveite e conheça mais sobre o tema ISO 50.001 assistindo ao Webinar ministrado pelo Eng. Alberto Fossa, consultor do Procobre e especialista em gestão de energia, onde mostra as nuances e necessidades de se gerenciar a energia de forma otimizada.
*Autora: Patrícia Lins – engenheira eletricista e de segurança do trabalho.