segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Relatório de ONG internacional indica medidas para Brasil reduzir emissões de energia

Dino
Relatório recomenda redução de emissões de energia no Brasil



Novo estudo da World Resources International (WRI) sugere mudança radical para integrar políticas de energia com as ações necessárias para reduzir emissões de gases de efeito estufa, a fim de combater as mudancas climáticas. 


SÃO PAULO (21 de setembro, 2015) – O World Resources Institute (WRI-Brasil) em parceria com o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP) mostra que o Brasil pode mudar o seu mix de energia e caminhar na direção de uma economia de baixo carbono, modernizando o setor de transportes, utilizando o grande potencial de energias renováveis e aumentando a eficiência na indústria.

O estudo Oportunidades e Desafios para Aumentar Sinergias entre as Políticas Climáticas e Energéticas no Brasil analisou diferentes cenários de emissões e traz recomendações pra reforçar o portfólio de políticas que podem levar o país a alcançar seus objetivos tanto na área de energia, como na de clima.

Desmatamento e mudança de uso da terra são a principal causa de emissões de gases que provocam efeito estufa (GEEs) no Brasil. Mas enquanto o desmatamento vem caindo na última década, as emissões relacionadas ao uso de energia vêm aumentando. Em 2012, as emissões de combustíveis fósseis ultrapassaram as de agricultura e devem tornar-se a principal fonte de emissões no país num futuro próximo, ultrapassando as de desmatamento.

Como o sétimo maior emissor de GEEs, os compromissos que o Brasil assumir relacionados a clima serão uma peça importante no combate global às mudanças climáticas. O lançamento do relatório acontece às vésperas da divulgação da proposta brasileira para o novo acordo do clima, detalhando os compromissos de redução de emissões que o governo irá assumir para o período pós-2020. A chamada INDC brasileira (sigla para Contribuição Pretendida Nacionalmente Determinada em inglês) detalhará os compromissos voluntários do país para a Conferência do Clima de Paris, em dezembro. E pode ser divulgada nesta semana.

“O Brasil tem a oportunidade de reforçar e implementar políticas que nos levem na direção de uma trajetória ambiciosa para clima e energia”, afirma Viviane Romeiro, Coordenadora do Programa de Clima do WRI-Brasil e uma das autoras do relatório. “Há uma série de boas práticas internacionais relacionadas à descarbonização do mix de energia que podem e devem ser incorporadas e terão impacto na integração inteligente de energia descentralizada na rede elétrica. Como por exemplo, painéis de energia solar de comunidades locais integrados na rede de distribuição,” explica Romeiro.

“Nossa pesquisa mostra que o Brasil pode agir para mudar o mix de energia e ir na direção da economia de baixo carbono, mantendo-se como líder na área e entre os países-chave como Estados Unidos, China e Índia,” completa Oswaldo Lucon, professor do IEE/USP e também autor do estudo.

Estão previstos investimentos de cerca de US$ 500 bilhões nos próximos 10 anos em infraestrutura energética no Brasil. As escolhas que o país fizer para alocar estes recursos irão significar prende-lo a uma infraestrutura de alta emissão de carbono ou lançá-lo à posição de líder da economia de baixo carbono.

“Em contraste com outras grandes economias, o mix de energia brasileiro passou a ser de alta emissão de gases de efeito estufa como resultado de secas, armadilhas regulatórias, investimentos em infraestrutura em que predominaram combustíveis fósseis e transporte rodoviário e isenções de impostos que encorajaram padrões de consumo insustentáveis. Além de falta de inovação, o que favoreceu práticas e tecnologias obsoletas,” observa Rachel Biderman, Diretora-Executiva do WRI-Brasil. Cerca de 70% dos investimentos previstos irão para combustíveis fósseis, de acordo com os planos atuais.

Para evitar que a temperatura média na superfície do planeta não ultrapasse os 2°C considerados seguros, cada país teria que restringir suas emissões a um orçamento de carbono. Ou seja, uma cota baseada em sua porcentagem da população e do PIB globais. No ritmo atual, o orçamento de carbono que caberia ao Brasil até 2050 será gasto entre 2024 e 2035, se o país não mudar o atual mix de energia.

“No ritmo atual, em 20 anos o Brasil irá usar o que lhe resta do orçamento de carbono. O fato de outros países poderem também ficar deficitários não nos isenta da nossa responsabilidade comum”, alerta Lucon.

Segundo o relatório, o Brasil pode mudar esta tendência. Com quase metade das emissões de GEE relacionadas ao setor de transportes, reduções significativas podem ser feitas ao usar o vasto potencial para energias renováveis (especialmente solar e eólica), modernização da frota de veículos e encorajamento para massificação de carros híbridos e movidos a eletricidade. Esforços neste sentido iriam não só contribuir para os esforços de mitigação dos GEE, mas também contribuir para beneficiar a saúde dos brasileiros e a qualidade de vida de suas cidades.

O estudo traz elementos importantes para decisões de curto prazo que podem ter fortes repercussões durante muitas décadas e devem ser considerados em investimentos de infraestrutura. As atuais crises econômica e hídrica podem direcionar o pensamento inovador, moldando políticas e levando o país de volta à sua posição de líder global na economia de baixo carbono.

SERVIÇO:

O estudo "Oportunidades e Desafios para Aumentar Sinergias entre as Políticas Climáticas e Energéticas no Brasil" pode ser obtido no endereço: http://www.wri.org/publication/bridging-gap-between-energy-and-climate-policies-brazil.

Um resumo executivo em português está disponível em: http://www.wri.org/sites/default/files/bridging-the-gap-energy-climate-pt-es.pdf

Mais informações:

Cassuça Benevides - Tel: (61) 8188-2973 - Email: maria.benevides@quartzocomunicacoes.com.br
Via: www.noticiasr7.com