Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil
Uma nova pesquisa de opinião conduzida pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) revelou que o setor elétrico acredita que, até 2030, a participação das energias renováveis no mix energético mundial subirá para 43%, enquanto a porcentagem das fontes de combustíveis fósseis cairá para 57%.
Atualmente, essa divisão é de 34% para as renováveis contra 66% para as fósseis.
A enquete, realizada com 72 empresas de geração, transmissão e distribuição de energia de 43 países, revelou, no entanto, que esse percentual ainda não será o suficiente para limitar o aquecimento global a dois graus Celsius; para isso, seria necessário que o mix energético ficasse dividido em 59% para as renováveis e 41% para as fontes fósseis.
“Está claro que aceitar as renováveis como uma componente chave do mix energético está acontecendo. A questão não é ‘está acontecendo? ’. A questão é a rapidez”, comentou David Etheridge, consultor de energia e serviços da PwC.
Ainda assim, os entrevistados mostraram certo otimismo com relação ao desenvolvimento das renováveis; segundo mais de 80% eles, em duas décadas, energias limpas como a eólica onshore, a biomassa e as solares não precisarão mais de subsídios para competir com a energia fóssil.
Mesmo as energias renováveis menos populares, como a eólica offshore e a energia marinha, também apresentaram altos índices nesse quesito; 69% dos respondentes acreditam que a energia eólica offshore será competitiva até 2030, enquanto 66% creem que a energia marinha não precisará de subsídios daqui a vinte anos.
“O relatório nos diz que os gerentes das empresas de serviços adotaram as energias renováveis. Há uma visão realmente oportunista de que os custos baixarão, que a tecnologia mudará e que elas serão uma fonte viável de geração nos próximos anos”, observou Etheridge.
Apesar disso, não significa que o empresariado não veja dificuldades futuras para as energias renováveis. Para 75% deles, o alto custo de capital comparado a outras formas de geração de energia continuará a ser um obstáculo para o crescimento das fontes limpas. Cerca de 66% afirmaram que a relutância dos consumidores em pagar mais por energia renovável também continuará sendo um problema.
Outros 62% citaram o custo e a dificuldade das conexões de rede como uma barreira para o desenvolvimento da indústria limpa, e apenas 20% dos executivos entrevistados acham que a questão do acesso à energia renovável estará totalmente resolvida até 2030.
Questões sobre eficiência energética também foram feitas aos respondentes, e 55% deles se mostraram otimistas quanto a esse assunto, dizendo que essa ferramenta pode ter um papel importante no panorama de fornecimento e demanda energética. No entanto, 45% dos entrevistados responderam que há uma possibilidade média a alta de que estes programas não cumpram integralmente suas propostas até 2030.
Já as questões sobre os subsídios às energias fósseis foram respondidas com menos otimismo; para os entrevistados, a diminuição gradual dos incentivos fósseis é um fator importante para promover a eficiência energética, mas apenas 18% dos executivos acreditam que isso aconteça até 2020. A maioria crê que redução nestes estímulos é improvável, o que indica que eles devem continuar a existir na próxima década.
“Nos EUA e na Europa, acredito que há uma visão real de que com os incentivos certos, a tecnologia certa, [a eficiência energética] é uma solução muito viável. Se você for para outros países, particularmente os que subsidiam combustíveis fósseis, torna-se muito difícil desenvolver programas de eficiência energética”, enfatizou Etheridge.
Com relação às smart grids, também não houve muito otimismo nas respostas; 80% dos entrevistados na América do Norte e 74% na Europa se preocupam que o engajamento dos consumidores é um obstáculo para realizar o potencial total dessas tecnologias.
“Smart grids e contadores inteligentes estão no topo da lista de prioridades de investimento, mas uma mistura de apatia do consumidor e preocupações sobre o uso de dados já são vistos como restrições que poderiam limitar o potencial dessas novas tecnologias”, ressaltou Ronan O’Regan, diretor de energias e renováveis da PwC.
Já em relação ao desenvolvimento de carros elétricos, 60% dos respondentes declararam que estes veículos serão uma porção significativa da frota mundial de automóveis em 2030. Cerca de 60% também acreditam que a infraestrutura necessária para o transporte elétrico será o principal desafio das empresas.
(Agência Brasil)