quarta-feira, 19 de abril de 2017

Com apoio do MCTIC, soluções sustentáveis estão se espalhando por todo o Brasil

Fonte: Procel Info

Reprodução Internet

Distrito Federal - A Universidade Federal de Santa Catarina construiu um centro de pesquisa com painéis fotovoltaicos instalados na cobertura capazes de gerar energia solar suficiente para o funcionamento do prédio. 

A energia excedente abastece um ônibus que circula pelo campus da universidade. 

No Pará, um barco solar transporta passageiros e cargas entre a Ilha das Onças e a capital Belém. Além disso, contribui para o monitoramento de áreas protegidas.

Esses são dois exemplos de soluções que reduzem os impactos ambientais e melhoram a vida da população. 

Elas fazem parte do Programa de Tecnologias para Cidades Sustentáveis, lançado em 2012 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC). 

Dividido em quatro eixos temáticos – 

construções sustentáveis, 
mobilidade e transporte coletivo, 
saneamento ambiental 
e sistemas sustentáveis de energia –, ele já tem resultados.

"Essas ações representam avanços na busca de soluções para o desenvolvimento sustentável e uso da energia de fontes renováveis no país", afirma o coordenador-geral de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do MCTIC, Guilherme Wiedman.

Inaugurado em 2015, o Centro Multiusuário de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar Fotovoltaica (Fotovoltaica) da UFSC recebeu R$ 3,6 milhões do MCTIC para ser implementado. 

Segundo Wiedman, trata-se do primeiro centro de pesquisa desse tipo no Brasil que, além de ser 100% alimentado por energia solar fotovoltaica, gera mais do que consome. 

"É um centro de pesquisa e inovação importante para o setor, principalmente considerando-se o potencial não aproveitado dessa fonte de energia no Brasil."

Toda a energia utilizada pelo complexo é gerada por painéis fotovoltaicos instalados na cobertura do edifício, e a energia excedente serve para abastecer um ônibus que liga o campus da UFSC ao Sapiens Parque. 

O chamado E-Bus foi desenvolvido pela equipe da Fotovoltaica e comporta até 38 passageiros em cada viagem. O MCTIC apoiou o desenvolvimento do projeto com R$ 1 milhão.

"O veículo faz o percurso de 50 quilômetros [de ida e volta] entre o campus da UFSC e o Sapiens Parque com redução de um terço do tempo antes gasto para o deslocamento. 

Além disso, o ônibus parece um escritório, com cadeiras e conexão Wi-Fi. Nele, as pessoas podem trabalhar, fazer reuniões e estudar", destaca o coordenador do projeto, Ricardo Rüther.

Considerado puro, o veículo possui apenas tração elétrica e foi desenvolvido com tecnologia brasileira. 

É o primeiro ônibus elétrico do país movido a energia solar. Quando está parado no trânsito, não há consumo de energia como acontece com os veículos com motores movidos a combustão. 

Além disso, o gasto com cada trecho é de R$ 18, enquanto o mesmo percurso, em um veículo movido a diesel, é de R$ 60. 

Já a tecnologia de frenagem regenerativa gera energia, que é injetada nas baterias, aumentando a autonomia do ônibus. 

A previsão é que o veículo entre em funcionamento regular a partir de abril.

Barco solar

Aurora Amazônica é um barco solar que faz o trajeto entre a Ilha das Onças e a Belém (PA) desde outubro de 2015. 

Desenvolvido por meio de uma parceria entre o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Energias Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia (INCT/EREEA), é uma alternativa para o transporte de pessoas e cargas, ecoturismo e monitoramento de áreas protegidas. 

Até 22 passageiros são transportados em cada viagem do barco, que dura cerca de 30 minutos.

"Ao longo do tempo, as energias renováveis estão se tornando cada vez mais baratas do que as energias convencionais, que são baseadas em combustíveis fósseis. 

Além disso, há uma abundância dessas fontes energéticas renováveis na nossa região, o que favorece a aplicação delas", explica o coordenador do Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas da Universidade Federal do Pará (Gedae/UFPA), João Pinho.

Também participaram da iniciativa a Fotovoltaica da UFSC; o Grupo de Energia, Biomassa e Meio Ambiente da UFPA; o Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (LSF/USP); o Grupo de Energias Alternativas (General) da UFSC; e o Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Labsol/UFRGS).

Em Brasília (DF), o Governo do Distrito Federal (GDF) trabalha na implementação de pequenas usinas geradoras de energia solar fotovoltaica para iluminar escolas e prédios de órgãos públicos, com recursos oriundos do Fundo Mundial para o Ambiente (GEF, na sigla em inglês). 

O primeiro passo é a capacitação de mão de obra para a instalação e manutenção dos painéis solares. A partir do segundo semestre de 2017, a primeira planta deverá estar ativa, atendendo dez escolas públicas.

"Pretendemos elaborar uma política de energia solar para o DF de forma que possamos ampliar essa iniciativa. A ideia é que as escolas selecionadas para essa experiência-piloto sejam próximas. 

Se os resultados forem bons, vamos dar escala para atender outras unidades de ensino, além dos prédios públicos", disse a coordenadora do projeto e subsecretária de Administração Geral da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do DF, Nazaré Soares.

Plataforma digital

O Fundo Mundial para o Ambiente é um programa global que auxilia 183 países na implementação de projetos voltados para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade. 

Nos próximos anos, o GEF vai investir US$ 20 milhões em iniciativas brasileiras. Uma delas está sendo desenvolvida pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), com apoio do MCTIC. 

A instituição trabalha na construção de uma plataforma digital para incentivar prefeituras e a sociedade a adotarem práticas sustentáveis.

O Observatório de Inovações para Cidades Sustentáveis pretende promover o intercâmbio de metodologias para que municípios possam aplica-las de acordo com a sua realidade. 

A ferramenta, que começará a ser construída nos próximos meses, será baseada em 24 indicadores municipais, entre acesso a saúde e educação, violência, renda e inclusão digital.

"O que buscamos é ajudar as cidades a fazer um planejamento integrado de longo prazo, levando em conta questões inerentes aos espaços urbanos: saneamento, trânsito, uso da água, entre outros. 

O mais interessante é que as cidades vão poder ter acesso a soluções empregadas por outras de perfil socioeconômico similar e adaptar às suas realidades", avalia o assessor do CGGE, Cristiano Cagnin.

O Observatório de Inovações para Cidades Sustentáveis é parte de uma iniciativa maior do GEF, que pretende criar um repositório global para soluções sustentáveis. 

"O Banco Mundial quer fazer uma plataforma global e, para que ela funcione, depende das plataformas locais, dos parâmetros que as cidades em diferentes países podem oferecer. Uma solução implementada no Brasil pode ser replicada em outros lugares do planeta", completou Cagnin.

Despoluição do rio Capibaribe

Um dos principais problemas do Recife (PE) é o escoamento de esgotos clandestinos no rio Capibaribe. Dejetos, sujeira e muitos poluentes químicos são despejados no curso d'água sem qualquer tipo de tratamento. 

Para sanar problemas como o mau cheiro e a contaminação, a prefeitura e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão desenvolvendo um sistema de jardins filtrantes – projeto também financiado pelo GEF. 

O método criado pelo francês Thierry Jacquet foi empregado para despoluir o rio Sena, em Paris.

O projeto consiste na utilização de plantas para filtrar os poluentes químicos do rio. Quando a água passar pelas "estações de tratamento", as raízes de cerca de 40 espécies da região vão retirar os compostos inadequados, melhorando a qualidade da água ao longo do rio, fortalecendo o desenvolvimento da biodiversidade.

"Nosso principal objetivo é fazer o tratamento da água em áreas de esgoto clandestinos que deságuam no Capibaribe. 

As espécies de plantas que selecionamos retiram os poluentes e oxigenam a água. Isso vai trazer biodiversidade para a região dos jardins e eliminar o odor. 

Em Paris, por exemplo, só cinco espécies de peixe viviam no rio antes do tratamento; agora são 30", destacou a pesquisadora Mariana Amazonas, coordenadora do projeto.

Inicialmente, serão construídas duas unidades de jardins filtrantes nas margens do Capibaribe. 

A previsão é que eles sejam concluídas em 2018. "Assim que ficarem prontos, já poderão ser utilizados. 

Esperamos que esse projeto seja uma referência para outras cidades do Brasil", completou.

* Com informações do MCTIC