Após beneficiar mais de cem indústrias cerâmicas da região do Seridó – nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba – o projeto Eficiência Energética em Cerâmicas de Pequeno Porte na América Latina para Mitigar a Mudança Climática (Eela) iniciará sua segunda etapa em maio, expandindo sua ação no Brasil a todos os estados da região Nordeste.
Marcando o início da nova etapa, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI) participará, de 26 de fevereiro a 1º de março, em Lima, no Peru, do workshop de planejamento da 2ª fase do Projeto, financiado pela Agência de Cooperação da Suíça (Cosude).
Estarão presentes no encontro os tecnologistas Maurício Henriques e Joaquim Augusto Rodrigues, do INT, e representantes dos outros seis países que integram o Projeto Eela: México, Colômbia, Equador, Bolívia, Peru e Argentina, além da própria Cosude e da organização não-governamental Swisscontact, que coordena a iniciativa.
Nesta 2ª fase, o objetivo central do Projeto permanece, ou seja, ajudar as empresas a implementarem tecnologias de maior eficiência energética para a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa.
A grande mudança acontece na estratégia, que nesta nova etapa visa garantir a sustentabilidade das ações do Projeto Eela e promover um aumento de escala.
Além da expansão a outros estados nordestinos, o projeto desenvolverá ações em toda a cadeia produtiva das cerâmicas, envolvendo seus diversos agentes, compreendendo: organizações de defesa do meio ambiente, provedores de serviços e de tecnologia, órgãos de financiamento, oferta de biomassa, dentre outros.
No Brasil, o trabalho terá um suporte mais efetivo de vários parceiros, como o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Nordeste (Sebrae-NE); Banco do Nordeste; Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; órgãos de meio ambiente dos estados e dos sindicatos de empresas cerâmicas em cada estado nordestino.
Fase concluída
Em sua primeira fase o trabalho do Eela otimizou o uso da energia nas cerâmicas do Seridó, bem como reduziu as emissões de carbono e diminuiu o impacto ambiental da atividade na região, desenvolvendo um modelo para ser replicado por outros núcleos produtores da América Latina.
No Brasil, coordenada pelo INT, a iniciativa contou com a parceria com o Sebrae Nacional, Sebrae/RN, Sebrae/PB, com o Centro de Produção Industrial Sustentável (Cepis), o Serviço Florestal Brasileiro (SFB/MMA) e a Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer).
Os estudos comparativos indicaram a substituição de fornos, favorecendo o melhor aproveitamento da energia e a redução das emissões; indicou formas de arranjar as peças cerâmicas no interior dos fornos para aprimorar a produção de peças de primeira qualidade; e apontou soluções de emprego de ar de combustão forçado e de recuperação de calor em fornos caipira, medidas que promovem uma economia de energia.
Objetivando levar políticas públicas, tecnologias e sistemas de gestão e de qualidade a essas e outras indústrias cerâmicas com características semelhantes, o projeto aborda também a questão ambiental.
Além de buscar conter as emissões atmosféricas, o trabalho indica também mecanismos para racionalizar o uso e a extração de argila a ainda modelos para ampliar a oferta de biomassa renovável, evitando o desmatamento e a degradação do solo.
O projeto Eela vem disseminando ainda, entre produtores locais, um modelo para ampliar o comércio de créditos de carbono decorrentes das medidas de otimização do uso da energia e dos recursos naturais.
O trabalho envolveu também o levantamento de indicadores sociais, observando as relações de trabalho e indicando a correção das distorções encontradas.