sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Para atender demanda, Brasil importa energia da Argentina: energia que poderia ser de PCHs

2201 - PCH








Após o apagão que atingiu 10 estados do Brasil e o Distrito Federal, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está buscando formas de reforçar o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Além de um já anunciado acréscimo de carga que será feita até meados de fevereiro, o país teve que recorrer a uma medida imediata e importou até 1 mil MW de energia da Argentina para atender a demanda no horário de pico.

Esse “intercâmbio” de energia começou na última terça-feira (20), um dia após o apagão. 

A informação foi publicada no Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO) do ONS, que relata que foi importada uma média de 165 MW durante o dia com pico de 998 MW. 

O mesmo se repetiu nesta quarta-feira (21), mas com cerca de 90 MW médios. 

Em nota à imprensa, o ONS informou que desde janeiro de 2006 existe um acordo operacional com a Compania Administradora del Mercado Mayorista Elétrico S/A (CAMMESA) que permite a importação de energia, a ser compensada em função de acerto direto entre as partes. 

Ainda de acordo com a publicação, o “intercâmbio de energia nos dois sentidos vem sendo adotado em diversos momentos ao longo da vigência do acordo”. 

A energia que está sendo importada do país vizinho, no entanto, poderia estar sendo gerada em território brasileiro de forma renovável por meio das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). 

Existem quase 10 mil MW para serem construídos, sendo a maioria deles justamente nas três regiões que sofreram com o apagão do início da semana: Sul, Sudeste e Centro-Oeste. 

De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os estados afetados têm mais de 7,4 mil MW a serem instalados – 76,2% do total do país. 

Não seria necessário utilizar energia argentina se, por acaso, os projetos de PCHs apenas de Minas Gerais saíssem do papel. 

Isso porque, segundo a Aneel, apenas naquele estado poderiam ter mais 146 empreendimentos gerando 1.740 MW de potência: são 1.173 MW parados na própria agência reguladora à espera de análise e outros 567 MW já outorgados e licenciados ambientalmente, mas inviabilizados por conta dos preços impostos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) nos leilões. 

“Se tem gente que não acredita em renovável, não há problema. Isso é normal, cada um acredita no que quer. Mas não se pode perseguir as renováveis e as PCHs como fazem. 

É a mesma coisa que se perseguir cristãos, muçulmanos ou qualquer outra religião por não ser a sua crença”, relacionou Ivo Pugnaloni, presidente da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidroelétricas (ABRAPCH). “Deve haver igualdade e oportunidade para todos. 

Não se pode impor preços impraticáveis como fazem com as PCHs. O governo precisa estar atento para esse valor não ser inexequível”, apontou. 

O próximo leilão de energia, que pode viabilizar alguns desses empreendimentos já outorgados, é o A-5, marcado para 30 de abril. O edital do certame, com os preços-teto para cada fonte, deve ser publicado em março. 

Confira abaixo a tabela com a quantidade de energia que poderia estar sendo gerada por PCHs apenas nas três regiões afetadas pelo apagão:



TABELA PCHS