Concessionária estima perdas de até R$ 300 milhões com fuga de clientes /
CEEE/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Apesar de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter adiado o reajuste da CEEE-D, que deveria vigorar nesta semana, devido à inadimplência com encargos setoriais da estatal, a expectativa de um elevado aumento faz com que o mercado livre de energia fique mais atraente para o setor industrial.
Esse ambiente é formado por grandes consumidores que têm a possibilidade legal de escolher de quem vão comprar a eletricidade.
Conforme nota técnica da Aneel, quando a distribuidora gaúcha resolver a questão da inadimplência, deverá aplicar um reajuste que terá um efeito médio para o consumidor de aproximadamente 30%.
O diretor-geral da agência, Romeu Rufino, enfatiza que o reajuste não foi homologado ainda, mas explica que o percentual elevado apontado no documento leva em conta, entre outros fatores, um realinhamento de estimativas de custos.
Apesar de o percentual não ter sido oficialmente efetivado, o diretor da Siclo Consultoria em Energia Plinio Milano comenta que dificilmente será muito diferente do que indica a nota técnica. Milano não tem dúvidas que, confirmando o nível do reajuste, mais empresas migrarão para o mercado livre. "Vários projetos que estavam inviáveis passam a ser viáveis.
Subir 30% muda tudo", argumenta. Recentemente, o secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, estimou, do ano passado até o final de outubro de 2017, uma perda de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões na arrecadação da CEEE-D com a ida de clientes para o mercado livre.
O diretor da Siclo destaca que um dos principais tópicos que impactará no reajuste da conta de luz da CEEE-D é o custo da transmissão de energia, e isso poderá também refletir nos próximos reajustes das outras duas grandes distribuidoras de energia do Estado, a RGE Sul e a RGE, que ocorrerão, respectivamente, em abril e junho de 2018. Em 2017, enquanto a RGE Sul teve um reajuste médio negativo de 6,43%, a RGE teve um aumento de 5%.
O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Edilson Deitos, argumenta que, neste momento, os custos de energia estão altos no mercado livre, o que dificulta a troca imediata de ambientes de consumo.
No entanto, Deitos projeta que, a partir do momento que os reservatórios das hidrelétricas (uma geração mais barata) aumentarem, a migração será algo normal.
O empresário ressalta que um eventual maior custo da energia no mercado cativo afetaria a competitividade das indústrias.
O presidente do Conselho de Consumidores de Energia Elétrica da CEEE-D, Ismael Felipe Horbach, também considera relevante o percentual do reajuste que deve ser confirmado.
Porém, Horbach argumenta que se percebeu, nos últimos anos, uma melhora dos serviços da companhia, e isso reflete no reajuste da empresa, para compensar os investimentos feitos.
O presidente do Conselho de Consumidores também imagina que deve crescer a migração para o mercado livre de energia na área de concessão da CEEE-D.
"Fazendo uma analogia com o combustível, quando fica mais caro, troca-se para um combustível mais barato, coloca um kit gás no veículo, mas tu vais migrar", finaliza Horbach.