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O grupo alemão quer ser “verde” dentro de 13 anos, eliminando todas as emissões de CO2 e diz que isso é rentável. Em 2016 o seu “portefólio ambiental” já gerou receitas de 36 mil milhões de euros
JOÃO PALMA-FERREIRA
O grupo industrial alemão Siemens quer reduzir para metade as emissões de CO2 até 2020 e atingir a neutralidade de emissões de carbono em 2030, revelou este manhã, em Lisboa, na Web Summit, o administrador executivo Cedrik Neike, garantindo que a eficiência energética e ambiental é lucrativa.
A Siemens diz que este objetivo será atingido através do desenvolvimento das redes inteligentes de gestão da energia, que cruzam a digitalização com os avanços permitidos pela indústria de telecomunicações, e, sobretudo, através da “disrupção” permitida pela internet, mostrando que o portefólio “verde” da Siemens – ou os negócios ambientais – geram receitas “elevadas”, que em 2016 já ascenderam a 36 mil milhões de euros no seu universo empresarial, o que corresponde a 46% das receitas totais da Siemens, revelou o grupo em Lisboa.
As tecnologias do portefólio ambiental da Siemens já permitiram que os seus clientes reduzissem as emissões de CO2 em cerca de 428 milhões de toneladas em 2014, sendo a digitalização uma das ferramentas principais que permite realizar a convergência da informação disponível (de uma empresa, uma vila, uma cidade ou de uma região) com a gestão da energia, de que resulta a designada “internet da energia”, em que as redes inteligentes se tornam os elementos decisivos desta transformação ambiental que permitirá atingir o nível zero das emissões de carbono, segundo defende a Siemens.
O grupo alemão deu o exemplo interno desta evolução, tendo reduzido a sua pegada de carbono de 2,2 milhões de toneladas em 2014 para 1,7 milhões de toneladas em 2016.
Neste processo, as soluções tecnológicas da Siemens prevêem um investimento da ordem dos 100 milhões de euros para melhorar a eficiência energética no grupo, que – refere - permitirá obter poupanças anuais de cerca de 20 milhões de euros a partir de 2020.
A Siemens passa a mensagem de que os investimentos em baixas emissões de carbono – ou mesmo para atingir o “nível zero” de emissões de CO2, são rentáveis, ajudam a melhorar a eficiência das empresas e das organizações, tornam cada projeto empresarial e industrial mais competitivo e preservam o meio ambiente.
A frota automóvel da Siemens a nível mundial – de 45 mil veículos – tem sido responsável por 15% das emissões totais de CO2 do grupo industrial alemão e de 2008 a 2014, na Alemanha, a empresa foi capaz de reduzir em 30% o nível médio destas emissões, revelou na Web Summit.
O programa que gere esta evolução “reduzirá os custos com gasolina na ordem dos 33%, baixando as emissões de CO2 da sua frota de veículos em 100 mil toneladas métricas por ano até 2025, o que mostra que a diminuição da poluição ambiental se traduz numa redução significativa de custos anuais”, refere a Siemens.
O grupo alemão considera que os custos das frotas de veículos podem ser reduzidos em cerca de um terço, o que implica baixar o nível médio das emissões poluentes para 95 gramas de CO2 por quilómetro percorrido em 2020.
Este objetivo é concretizável, segundo a Siemens, através da utilização de soluções de mobilidade sustentável que complementem programas de gestão eficiente das frotas automóveis.