quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Panificação: eficiência energética nossa de cada dia

Apesar do potencial de redução do consumo de energia estimado de 20% a 30%, padarias ainda precisam investir na mudança tecnológica do maquinário e na conscientização dos empresários



Padarias: potencial para reduzir consumo
de energia, mas falta conscientização de
donosPedro Aurélio Teixeira, para o Procel Info


Um setor que pode ter uma redução de 20% a 25% no consumo de energia com ações de eficiência energética e que ainda tem muito a conseguir nessa área com a normatização dos maquinários. 

Para obter este resultado, as padarias podem ter o auxílio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na busca de soluções. De acordo com Ricardo Wargas, gerente da Área de Inovação e Acesso à Tecnologia do Sebrae-RJ, um programa de eficientização energética em padarias aborda questões relativas a procedimentos diários e equipamentos. 

"Quando o empreendedor participa de um processo de eficiência energética, ele sempre sai conhecendo mais sobre o seu negócio. Em um plano para padarias, há questões vinculadas a investimentos e um acompanhamento do consumo diário de energia", explica.


Mas conscientizar os donos das padarias dos ganhos com a eficiência energética não parece ser tarefa fácil. De acordo com Dulio Mota, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Rio de Janeiro, a classe ainda não despertou para esse assunto. "A eficiência energética em uma padaria é tão importante quanto qualquer outro assunto de gestão. Falta uma conscientização a esse empreendedor, essa é a palavra", explica.

Mota fala com a autoridade de quem trabalha no ramo há 25 anos e se lembra de algo que foi capaz de fazer a sua classe se unir por ações de redução de consumo de energia: a crise em 2001, quando houve o racionamento de energia no país e todos foram obrigados a cumprir metas de economia de consumo. "Naquela época conseguimos alguma mobilização e houve um projeto com a participação de vários órgãos", relembra o dono da Padaria Salete do projeto.

De acordo com Mota, havia um desenho completo da eficiência energética do empreendimento. "O empresário entrava com um valor e o sistema com o resto, que seria pago pela redução do consumo de energia, amortizado na conta de luz com a distribuidora", relata, contando que a distribuidora local desistiu do projeto, inviabilizando a troca de equipamentos.

Hoje, além de seus programas de eficientização, o Sebrae dispõe de uma linha de financiamento para ações de eficiência energética para pequenos empreendedores chamada Sebraetec. A linha de recursos subsidia sem necessidade de retorno até 80% do custo de uma consultoria para a obtenção de um diagnóstico energético. "Caso o dono de uma padaria queira fazer um retrato do consumo de energia no seu estabelecimento, ele já tem um senhor apoio para cobrir parte desses recursos", aponta Ricardo Wargas.

A eficiência energética em uma padaria é tão importante quanto qualquer outro assunto de gestão. Falta uma conscientização a esse empreendedor, essa é a palavra", avalia Dulio Mota, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Rio de Janeiro.

Wargas conta que o compromisso do Sebrae com o empreendedor em um projeto de eficientização é o de dar suporte para que ele seja capaz de implementar as medidas, alcançando o êxito na redução do consumo. "Já tivemos o caso de uma padaria que fez uma operação financeira e pagou as prestações dessa operação com uma parcela da economia de energia que ela obteve", lembra.

Em um plano de eficiência energética para empresas de panificação, são adotadas soluções que envolvem modernização de equipamentos, de instalações e iluminação, além de um severo acompanhamento do consumo de energia, para que o dono da padaria perceba qualquer variação no custo da energia.

Na estrutura de uma padaria, os fornos são os equipamentos que mais consomem energia. Mota lembra que quando fez o projeto na sua própria padaria, a troca de alguns equipamentos foi sugestão do programa. "A troca do forno elétrico para gás foi feita em função do projeto, além de um novo desenho para iluminação", observa. 

De acordo com Dulio Mota, embora a maioria dos equipamentos da sua padaria seja a gás, o uso do forno elétrico continua necessário. "O problema do equipamento a gás é qualitativo. Na minha opinião, produtos de confeitaria e pães doces não ficam bons em equipamentos a gás", constata.

O momento dos maquinários é de transformação. Segundo Wargas, o Brasil está passando por um processo de normatização dos seus fornos de padaria em uma parceria do Sebrae com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), para melhorar a eficiência dos fornos de padaria. 

"Há dez anos estive na Alemanha e visitei padarias que já tinham um patamar tecnológico muito superior ao nosso, o que lhes dava uma produção melhor. Ainda temos muito a ganhar na redução de energia com sistemas de iluminação e com equipamentos auxiliares", arremata.


Fonte: Procel Info