País segue na contramão da América latina e Caribe, que requerem cada vez menos energia para produzir
Da redação, com informações da Agência Brasil
Estudo publicado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) revelou que entre 1990 e 2011 a quantidade de energia necessária para produzir uma unidade monetária de produção caiu de 1,42 para 1,28, na região, enquanto que no Brasil, esse indicador subiu de 1,38 para 1,42.
De acordo com a comissão, a relevância do indicador está no fato de que o aumento do consumo energético para alcançar um Produto Interno Bruto (PIB) maior se traduz em mais pressão sobre os recursos naturais.
O diretor da Divisão de Recursos Naturais e Infraestrutura da Cepal, Hugo Altomonte diz que não se pode afirmar concretamente que a intensidade energética do Brasil tenha crescido substancialmente.
Pode-se afirmar que permaneceu aproximadamente constante, pois os valores encontrados e os supostos crescimentos estão no limite do estatisticamente significativo.
Para Altomonte, deveria se questionar por que a intensidade energética do Brasil não baixou quando isso ocorreu em outros países da região. “É possível apontar alguns fatores como causadores desta situação.
Por exemplo, embora o setor de transportes e comunicações tenha se mantido quase constante em relação à sua participação econômica no PIB agregado, representando aproximadamente 7,5% do total, a participação deste setor no consumo final de energia, cresceu nos últimos seis anos em torno de 3,6 pontos percentuais, explicou o diretor da Cepal.
Isso significa, de acordo com Hugo Altomonte, que a relação entre o consumo energético do setor e seu nível de atividades cresce em termos relativos, afetando o valor da intensidade energética quando se somam todos os setores.
Outro fator determinante, na opinião do diretor, é o forte crescimento que tiveram nos últimos anos outros setores produtivos energético-intensivos, como o setor de construção, a indústria de manufatura, especialmente as indústrias extrativas e minerais.
“Com o crescimento destes setores altamente consumidores de energia, mais que proporcionalmente em relação ao PIB agregado, é evidente que a demanda energética dos mesmos será equivalentemente maior.
Por isso, este crescimento deverá se refletir como um incremento na intensidade energética agregada ou ao menos na estabilidade do seu valor, se considerarmos os esforços que o Brasil vem fazendo para promover o uso racional e eficiente da energia”, disse o diretor da Cepal sobre a questão da intensidade energética no Brasil.
Indicador
O indicador do Cepal é calculado com base no coeficiente de consumo total de energia e o Produto Interno Bruto (PIB) em dólares a preços constantes de 2005. O documento também traz outros indicadores sobre desenvolvimento econômico, social e ambiental dos países da América Latina e Caribe.