quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

EÓLICA - Leilão A-3 pode não ter mais ICG

Ideia é eliminar gargalos da transmissão com planejamento prévio de demanda
Por Fabíola Binas


Crédito: SXC.hu














O governo continua a estudar soluções para os gargalos na transmissão que têm prejudicado a expansão da geração no país. Entre eles, as centrais de conexão responsáveis pela ligação parques eólicos ao sistema interligado (ICGs), devem deixar de existir nos próximos leilões A-3. 

“Nesses certames, as empresas não contariam mais a opção da ICG, tendo buscar áreas com subestações, em operação ou que já tenham sido licitadas”, explicou o diretor de Estudos de Energia Elétrica, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda.



Pensadas inicialmente como um meio de reduzir os custos das usinas com transmissão, as ICGs são centrais que foram idealizadas para conectar os parques localizados no interior, eliminando a necessidade da construção de grandes linhas. 

Mas como o estudo para definição de quais subestações seriam construídas foi feito somente após o leilão, parte dos projetos acabou atrasando, sendo que alguns parques ficaram prontos, mas não puderam injetar energia na rede.

O próprio diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, chegou a sugerir que o governo abandonasse a ideia de usar essas estruturas na época em que o problema começou a se agravar. 

“Com isso resolveríamos em parte os problemas das usinas ficarem prontas sem a ICG estar operando”, explicou o diretor da EPE.

Miranda contou que o governo está fazendo ajustes para aprimorar o planejamento da transmissão, como por exemplo, a detecção das regiões que têm potencial para energia eólica, biomassa ou de PCH, por meio dos empreendimentos que foram habilitados para leilões passados, mas que não venderam. 

“Com certeza eles vão estar nos próximos leilões”, disse ao analisar dessa demanda pode dar sinais das regiões que necessitam de capacidade de transmissão, para que a usinas se viabilizem.

A ideia é identificar as regiões que tem mais potencial de prover maior capacidade de transmissão para que as usinas se conectem. Os novos ajustes poderão ser percebidos em menor em escala já nos leilões deste ano, sendo intensificados até 2015. 

“Assim estará tudo mais planejado, com uma capacidade maior”, previu o representanet da EPE.

Investidor
Para assegurar o escoamento da eletricidade gerada para os futuros parques eólicos que erguerá nas cidades maranhenses de Paulino Neves e Tutóia, a Bioenergy, anunciou que investirá R$ 110 milhões na construção de uma linha de transmissão de 230kV com 240 quilômetros de extensão. 

Além disso, a empresa pediu à Aneel, uma autorização para transferir quatro projetos de parques, antes previstos para construídos no Rio Grande do Norte, para serem viabilizados no Maranhão.

“Para estes quatro, estamos em processo de autorização, caso contrário não teríamos condições de conectá-los no prazo”, comentou o presidente da Bioenergy, Sergio Marques, ao lembrar que o planejamento da transmissão, após a realização do leilão tem se mostrado “incoerente”. 

A mudança dos projetos para o Maranhão, onde a companhia construirá os parques, possibilitará que seja mantido os prazos contratuais de 120MW em eólicas.

Marques acredita que será possível manter a lucratividade do negócio mesmo diante do aporte de mais de R$ 100 milhões na linha. “Vamos otimizar os custos, antecipar os projetos”. 

Ele afirma que o planejamento eficiente aliado ao gerenciamento da implantação garantirá os ganhos. “O mix de todos os projetos, com parte da energia comercializada em outro ambientes, me dá uma tarifa média de R$ 107”, contabiliza. 

Ao todo, a linha construída pela Bioenergy atenderá 13 parques.

Outra empresa que está com problemas em relação às ICGs é a Renova Energia, que tem problemas com o complexo Alto Sertão (294,4 MW). 

Matéria veiculada em uma emissora, na última semana, afirmou que a empresa também estaria com planos de construir uma linha de transmissão. Procurada pela reportagem, a empresa não retornou até o fechamento desta matéria.

Fonte: www.jornaldaenergia.com.br