quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Eficiência energética e sustentabilidade


Por José Starosta*, na Sala Infraestrutura do Brasilianas.org
Como sempre, apenas com o nível de água nos reservatórios brasileiros beirando o limite que o alerta da sociedade é ligado. 


Nesse momento, os jornais são inundados de reportagens a respeito dos problemas enfrentados pelo País no setor, seja sobre como e onde investir recursos para evitar o temível apagão, seja sobre o iminente racionamento de energia. Sofrem os cidadãos, sofre a indústria, e um clima de incerteza paira no ar. 

Aí então aparece o mesmo culpado de sempre: São Pedro. 

Para que os fatos acima citados não ocorram novamente, algumas medidas práticas podem colaborar no curto prazo para evitar o clima de desespero que geralmente se instala. 

Aliviar o consumo de energia é uma delas. Para isso, é fundamental fazer o diagnóstico de cada instalação. Tanto em uma indústria, quanto em prédios comerciais, shopping centers ou residências, o primeiro passo é entender quais são as cargas, o consumo maior em função do que se tem instalado. 

A partir do momento em que isso for identificado por meio de diagnóstico, é necessário começar a aplicar técnicas, como novos métodos de consumo e mudanças na forma de trabalhar, bem como investir em tecnologias, como a modernização dos equipamentos em função do tipo de carga que está sendo alimentada.

É importante salientar que o gasto de energia pode ser dividido em duas partes: de um lado a potência dos equipamentos e, de outro, o tempo de uso - como são usados esses equipamentos. 

Trocar lâmpadas ajuda, mas, fundamentalmente, é importante identificar o funcionamento e uso de outros itens: como a roupa é lavada e secada, como a louça é lavada, como o aquecedor funciona, se existe ou não uma ajuda solar. 

A própria rotina de uso ajuda a reduzir a energia e a garantir a manutenção dos equipamentos. Por exemplo, geladeiras com borrachas não adequadas e sistemas não atualizados são grandes vilões em termos de eficiência energética. É preciso ficar atento e periodicamente fazer uma revisão dos componentes. 

Em residências, uma simples mudança de comportamento reduz de 15% a 20% o gasto com energia. Em prédios comerciais varia, podendo ser reduzido 10%, 15% até 20%. Em indústria, é possível atingir uma redução de 10%. 

Essas medidas não resolvem, mas ajudam muito, na medida em que evitam o desperdício de energia enquanto não há um programa conjunto de ações e investimentos em eficiência energética. 

No Brasil, existem programas interessantes, como o Programa de Eficiência Energética (PEE) da ANEEL, que, no início garantia recursos para projetos de eficiência energética, mas acabou se transformando em um programa de viés social, com foco na troca de equipamentos para cidadãos de baixa renda. 

As próprias indústrias e corporações também têm os seus programas. São investimentos isolados que, se bem dimensionados e incentivados, poderiam fazer uma grande diferença. 

Outra forma de incentivar ações de eficiência energética no País é investir em conhecimento técnico. As escolas deveriam formar pessoas e a sociedade deveria estar mais informada sobre o tema, pois no momento em que se começa a entender que eficiência energética está relacionada à sustentabilidade e que deve ser uma ação estrutural nas empresas, os projetos começam a sair. 

Vale destacar que esse é um investimento que se paga muito rapidamente, porque à medida que os custos passam a ser mitigados com a própria conta de energia, o projeto torna-se autofinanciado. 

Além disso, agregam valor, como qualidade de energia, produtividade, redução de insumos, redução de água e aumento de confiabilidade nas indústrias.

*José Starosta, engenheiro, é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia – ABESCO