terça-feira, 31 de março de 2015

Aquário Marinho do Rio define modelagem energética, que vai privilegiar a energia solar

Por Alexandre Gaspari, da Equipe RCE


















Com inauguração marcada para dezembro, o Aquário Marinho do Rio de Janeiro (AquaRio), em construção na Zona Portuária, finaliza agora os detalhes de seu abastecimento energético, projeto que integra a carteira do Programa Rio Capital da Energia. 

O fornecimento elétrico deverá privilegiar a energia solar fotovoltaica, mas também prevê outras formas de produção de eletricidade, como a cogeração a gás natural, e soluções em eficiência energética. 

Além disso, está sendo estudada a instalação de um museu da energia.

O aquário recebeu as primeiras placas de acrílico para seus 25 tanques no mês passado. 

De acordo com Roberto Kreimer, diretor da Kreimer Engenharia, responsável pelas obras, os painéis estão sendo fabricados na Tailândia e nos Estados Unidos pela americana Reynolds Polymer Technology. 

“É a principal fabricante de painéis acrílicos para visores subaquáticos do mundo. Os visores de acrílico são mais caros que os de vidro, mas são mais transparentes e são melhores para manter a cor da água”, observa Kreimer.

Quanto ao abastecimento energético, o executivo explica que a Kreimer Engenharia está trabalhando em parceria com o Instituto de Energia da PUC-Rio (Iepuc) para definir as melhores fontes de energia elétrica para o local, bem como a estruturação financeira do projeto energético. 

A energia solar fotovoltaica é a preferida, não somente pelo apelo de sustentabilidade, mas pelas próprias características das instalações. “Temos uma característica interessante. 

No Rio, o ideal é instalar os painéis voltados para o norte. E nosso prédio, que era da antiga Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento) e tem mais de 100 anos, é cravado para o norte”, conta Kreimer.

A medição da radiação solar está a cargo do Iepuc, que ainda avalia outras fontes e está montando o projeto do museu da energia. “Nosso objetivo é colocar painéis fotovoltaicos em todo o aquário. 

Devemos utilizar mais de um tipo de painel, demonstrando a produção de energia elétrica in loco e mostrando a eficiência de cada tipo de painel. 

Nem sempre o painel fotovoltaico mais eficiente é o mais viável economicamente, e tudo isso deve ser analisado”, frisa o professor Sérgio Braga, diretor do Instituto de Tecnologia da PUC-Rio (Ituc), do qual o Iepuc faz parte.

Outra possibilidade para a eletricidade do AquaRio é a cogeração a gás natural. Além de produzir energia elétrica, a cogeração gera calor e, a partir deste, água quente e vapor, podendo alimentar sistemas de refrigeração. 

O uso dessa alternativa, porém, depende do valor do combustível. “Para se utilizar a cogeração, o gerador deve estar ligado todo o tempo, e isso é caro. 

Por isso, o uso dessa fonte irá depender do preço do gás natural”, detalha Braga.

Quanto ao museu da energia, a perspectiva é criar uma estrutura permanente, que mostre aos visitantes do AquaRio a evolução do uso da energia pelo ser humano. 

“Queremos exibir todas as formas de energia, numa linha do tempo da humanidade, desde a descoberta do fogo, passando pelas lâmpadas e as formas de geração energética. 

Temos dois enfoques em mente: mostrar a geração elétrica em uso e conscientizar o público para o uso eficiente de energia”, diz o diretor do Ituc.

“Parte do nosso trabalho é integrar energia e meio ambiente. Então, queremos mostrar quanto se gasta de energia para manter o aquário, para manter os peixes vivos. 

É uma experiência de aproximar a energia do meio ambiente, já que o consumo de energia elétrica está muito associado ao urbano, a residências, à indústria”, completa Kreimer.

A importância de conscientizar as pessoas quanto às fontes de energia e seu uso é reforçada pela coordenadora do Programa Rio Capital da Energia, Maria Paula Martins. 

“Além de um importante ponto turístico do Rio de Janeiro, o AquaRio será uma plataforma de disseminação de conhecimento na área energética, mostrando ao público as diversas formas de geração de energia e contribuindo para a massificação do conceito de eficiência energética”, reforça Maria Paula.


Ficha técnica

Com 22 mil metros quadrados de área construída, cinco andares e 25 tanques com painéis de acrílico e que receberão um total de 4,5 milhões de litros de água, o Aquário Marinho do Rio (AquaRio) é um dos projetos que integram o programa de revitalização da Zona Portuária da cidade (Porto Maravilha). 

Serão cerca de 8 mil animais, de 350 espécies diferentes, com possibilidade de o público interagir com alguns deles, nos tanques de toque.

Idealizado pelo biólogo marinho Marcelo Szpilman, o AquaRio terá ainda um aquário virtual e um museu de ciências, bem como o Centro de Pesquisas Científicas – parceria com o Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –, o Centro de Conservação da Biodiversidade e o Centro de Educação Ambiental. A expectativa dos empreendedores é de uma visitação diária de 4 mil a 5 mil pessoas.

Entre os patrocinadores, apoiadores e parceiros estratégicos do AquaRio estão Coca-Cola, Prefeitura do Rio, Cataratas do Iguaçu S/A, Esfeco e Bel-Tour.

Mais detalhes sobre o AquaRio podem ser obtidos no site do projeto.