quinta-feira, 2 de abril de 2015

Crise energética aumenta demanda por profissionais de eficiência energética

Brasil – Com os elevados custos com energia, remuneração para especialistas na área pode chegar até R$ 20 mil. Sul, sudeste e nordeste concentram as oportunidades
Tiago Reis , para o Procel Info


Brasil - Os recentes aumentos nas tarifas de energia elétrica e a falta de chuvas, que tem provocado uma redução no volume dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, trouxe para o cotidiano temas como eficiência energética e uso eficiente de energia. 

A demanda pela redução do consumo tem aumentado a procura por profissionais ligados a eficiência energética. 

Engenheiros, arquitetos, urbanistas, administradores estão sendo requisitados para atuar na área, num momento em que o país vive um dos maiores períodos de estiagem de sua história.

Neste contexto, ações que visam uma maior utilização de fontes renováveis para geração de energia, e a criação de soluções para a otimização e a consequente redução do uso da eletricidade ganham espaço no mercado de trabalho. 

A carência de profissionais de nível técnico e superior especializados na área mostra que setor tem muito espaço para crescer nos próximos anos.

Segundo o professor e coordenador do curso de pós-graduação em Eficiência Energética Aplicada aos Processos Produtivos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Geomar Machado Martins, no Brasil ainda existem poucos profissionais capacitados para atuar com eficiência energética, mas o interesse está crescendo e as possibilidades de ocupação são várias.

O especialista em eficiência energética pode atuar em diversas áreas, como na industrial, trabalhando com processos térmicos, de iluminação, força motriz, como na área de edificações, na climatização e conforto térmico, na iluminação natural, e também na área de engenharia elétrica, que contempla a energia elétrica, motores e equipamentos elétricos em geral. 

Também as áreas de tecnologia e agronomia, que têm recrutado trabalhadores com conhecimentos em eficiência energética.

“Nós temos visto que com a crise energética o interesse tem aumentado muito. Os profissionais de eficiência energética ainda são poucos, mas o interesse está crescendo. 

Temos recebido contatos de empresas de recursos humanos para a indicação de profissionais da área, já que o tema está ganhando muita relevância” afirma o professor Geomar.

A utilização das energias renováveis, por meio de painéis solares, para atender as necessidades energéticas, como climatização e aquecimento de água também tem apresentado crescimento. 

A utilização de energia fotovoltaica pode reduzir em mais de 60% o consumo de energia para o aquecimento de água e o interesse de profissionais atuando neste setor também tem mostrado evolução. 

Para o Coordenador de Atividades Técnicas do Senai-SP, Edson Pereira Dos Santos, engana-se quem pensa que somente profissionais com curso superior podem atuar na área. 

O mercado possui oportunidades para diversos tipos de ocupação, seja de nível superior, como engenheiros, químicos, arquitetos, urbanistas e especialistas em meio ambiente e sustentabilidade; ou com formação técnica e tecnológica.

“Hoje nós vivemos um cenário que o custo da energia tem aumentado em torno de 43% se comparado com 2014. 

Então, uma vez que você tem o custo de energia como um insumo muito significativo no processo da produção, vai fazer com que se desenvolva novas atividades. 

Uma delas, é o profissional que tenha conhecimento na área de eficiência energética”, explica o professor Edson.

Devido ao crescimento da procura por eficiência energética a remuneração dos profissionais que atuam no setor também aumentou, o que tem atraído cada vez mais interessados para atuar na área. 

Dependendo da região do país, um profissional com nível superior com especialização pode ter um salário inicial na faixa de R$ 6 mil, podendo chegar a R$ 20 mil mensais. 

Já para quem tem nível técnico, a remuneração varia entre R$ 3 mil e R$ 6 mil por mês. As regiões sul e sudeste concentram a maior parte das oportunidades, principalmente nos setores da indústria e edificações. 

Já na região nordeste, o foco são as fontes renováveis, no qual o mercado para profissionais especializados em energias eólicas, fotovoltaicas e demais renováveis está bastante aquecido.

Professor do curso de Engenharia de Energia da Universidade Positivo de Curitiba, Julio Omori, revela, que mesmo com o aumento da procura, o mercado de eficiência energética ainda tem um grande potencial de crescimento. 

O assunto tem sido amplamente divulgado pela mídia e discutido pelas pessoas, o que tem aumentado a procura por soluções que reduzam os custos com a energia elétrica. 

Omori cita os setores de geração distribuída, microgeração, desenvolvimento de novas tecnologias e automação, smart grid e cidades inteligentes vão precisar de um grande número de trabalhadores especializados na área.

O campo profissional é abrangente e inclui graduados em diversas áreas do conhecimento

“A geração distribuída de energia e a microgeração vai fazer nascer um novo grande nicho de mercado para os profissionais de energia. 

Uma cadeia de fornecedores, desenvolvedores, empresas de engenharia, instaladores vão movimentar o setor de geração distribuída e eficiência energética. 

Começam a ser veiculadas propagandas fomentando a eficiência energética, lançamento de vários produtos mais eficientes, o desenvolvimento tecnológico, o que acabam casando com essa ideia da eficiência energética, como as lâmpadas LED, controles e motores de alto rendimento, entre outros. 

Então o assunto está sendo bastante debatido em vários âmbitos, não só entre os profissionais do setor, mas também para quem tem que pagar a conta de energia, quem tem que prover soluções e acaba influenciando de uma forma direta e indireta alguns profissionais que estão pensando no futuro e em novas áreas de atuação”, destaca o professor Julio Omori.

Além de atuar diretamente o setor de energia, os setores ambiental, automotivo e de petróleo também tem procurado profissionais especializados em eficiência energética. 

Com foco na sustentabilidade, essas áreas desenvolvem projetos como veículos elétricos, bioenergia e soluções para diversificar a matriz energética e reduzir a dependência do petróleo e das fontes hidrelétricas. 

Edson Santos ressalta que o cenário para a eficiência energética ainda está em formação, mas ele tem um enorme potencial de crescimento nos próximos anos, já que a necessidade para a redução dos custos com energia e a consequente criação de soluções mais eficientes vai aumentar ainda mais a procura por profissionais especializados. 

Já para Julio Omori, o alto índice de ineficiência de energia apresentado pelo país e o aumento da preocupação com a sustentabilidade vai ampliar ainda mais as oportunidades.

“O país passa por um momento em que a sustentabilidade e a eficiência energética estão no foco. 

Estamos passando por um momento crítico para tentar salvar os baixos níveis dos reservatórios e as usinas hidrelétricas, que são renováveis, utilizando uma energia termelétrica, que não é renovável, isso tem um impacto no ponto de vista ambiental bastante grave e pouco eficiente. 

Por isso, precisamos melhorar a eficiência em vários setores, no qual você vai precisar controlar mais, medir mais, melhorar o sistema cada vez mais e informar cada vez mais e melhor o consumidor para que tenhamos dados para deixar o sistema cada vez mais eficiente. 

O nosso índice de ineficiência é, atualmente, extremamente elevado. Só aí daria um campo de trabalho muito amplo” conclui o professor Julio Omori.

Fonte: www.procelinfo.com.br