sexta-feira, 24 de abril de 2015

Da era dos renováveis e do petróleo

Por Stefan Salej



Os investimentos em fontes de energia renovável no mundo igualaram-se no ano passado aos investimentos em exploração de petróleo, gás, carvão e outras fontes de energia fósseis juntos. 

A queda do preço do petróleo persiste, apesar dos conflitos armados no Oriente Médio, em se manterem níveis de 40- 50 % abaixo dos de um ano atrás. E a perspectiva é de que o uso de energias renováveis como a solar, biomassa , eólica, e outras dobre até 2030. 

E que, em 2050, a energia solar seja a principal fonte energética do mundo.

A marcha da mudança da matriz energética está em curso e é irreversível. 

O problema que se coloca não é mais tecnológico, mas financeiro. 

Para continuar esse processo, serão necessários investimentos de no mínimo de 500 bilhões de dólares ao ano no mundo inteiro. 

Mesmo que os preços dos painéis solares caiam, como também estão caindo os preços das baterias para carros elétricos, ainda serão precisos muitos recursos para que as energias renováveis suplantem o uso de energias fósseis como o petróleo. 

E é importante também salientar que não são só os preços estão caindo, também a eficiência energética destes equipamentos estão aumentando muito.

Na área de petróleo e gasolina, e no que se refere a automóveis também, há dados interessantes a considerar. O consumo mundial de derivados de petróleo está diminuindo e a produção, aumentando. 

O mundo consome menos petróleo hoje do que há cinco anos e produz mais. Então, é lógico que o preço tenha que cair. E caiu. Os automóveis também são mais eficientes. 

A eficiência de consumo dos automóveis em termos mundiais aumentou em 60 % nos últimos 13 anos. E claro que isso bate na redução do consumo de gasolina.

Os carros elétricos aumentaram suas vendas em cinco vezes nos últimos quatro anos nos Estados Unidos e já representam 0.6 % do total de vendas de automóveis naquele país. 

Mas, o uso de etanol por lá, que era a vedete da mudança, permanece em 10 %, embora os investimentos em novas usinas de etanol tenham diminuído em 90 % desde 2007.

Para um estado que era chamado caixa d’água do Brasil, essas mudanças e as suas perspectivas devem ser analisadas com muita atenção. 

Estamos perante os novos desafios de uma nova matriz energética. A falta de energia e o seu preço alto são só parte da situação, o problema é bem maior.

STEFAN SALEJ é consultor internacional, ex-presidente da Fiemg e Sebrae Minas.