Bruno Abreu, da Siemens: clientes
buscam melhorar competitividade
O mercado destinado às empresas de serviços de energia - as chamadas Energy Service Companies (Escos) - começou a ganhar força na Europa nos anos 1970, mas ainda oferecendo serviços com valores fixos ou indexados.
Mais tarde essas empresas ampliaram seu leque de oferta e avançaram para parcerias onde as melhorias de desempenho de eficiência energética passaram a assumir uma forma contratual.
Hoje, as chamadas Escos são decisivas no novo cenário econômico considerando que entre 2004 e 2030, segundo dados da International Energy Agency (IEA), a procura por energia crescerá 53%.
"Em 1987 as empresas brasileiras começaram a entender o que eram as Escos influenciadas por empresas de fora. Hoje esse mercado é crescente por causa da projeção do aumento da demanda de energia no Brasil e do próprio Balanço Energético Nacional que conta com a eficiência", afirma José Starosta, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco).
A contratação de Escos para atuar dentro das companhias está se tornando comum. "O número de empresas cresce entre 10% e 15% ao ano e o potencial é de pelo menos R$ 2 bilhões anuais.
Hoje, o faturamento não chega a R$ 1 bilhão", explica Starosta. No seu entender, com a redução da taxa de juros, os projetos de eficiência energética passam a ser um ponto relevante na produtividade.
"As empresas precisam reduzir custos na produção e o custo de energia em função da atividade da empresa é bastante importante. Estamos motivados com essa expectativa", completa.
As Escos têm uma função relevante nesse novo cenário. "O papel das Escos é olhar a planta e fornecer ao cliente um processo produtivo igual ou melhor que o atual com menos gastos em energia, ou seja, com redução de energia no processo", diz o presidente.
A maior parte dessas empresas opera no mercado de eficiência de energia na modalidade "contrato de desempenho", com acordos de até uma década. "As Escos identificam potenciais de eficiência energética, investem em recursos financeiros e recebem sua parte à medida que a conta de energia diminui.
Esse é o modelo clássico de atuação de Escos no Brasil", relata.
O bolso tem pesado mais que a preocupação com o desenvolvimento sustentável quando se trata de economizar energia. A busca por uma melhor eficiência energética, que hoje vai além das indústrias e se estende a vários outros segmentos, se deve. sobretudo, à necessidade de reduzir custos.
De uma forma geral, o peso da energia nos processos produtivos varia entre 15% e 20%. "No segmento petroquímico, nos chamados eletrointensivos, a energia pode atingir até 60% do custo de produção. Para esse tipo de cliente a questão energética ainda é mais crítica", diz Bruno Abreu, consultor de engenharia para o Setor Industrial da Siemens no Brasil.
O Brasil é um dos países onde o custo da energia tem proporcionalmente maior peso na conta final de um produto. Essa relação vale também para setores como hotelaria e serviços em geral, que igualmente se ressentem do alto custo da energia.
"A maioria dos clientes que busca soluções para questão da eficiência energética não está preocupada apenas com práticas ambientalmente corretas, mas quer sobretudo contribuir para a melhoria da competitividade da empresa porque contribui para a redução de custos", diz Abreu.
A Siemens presta consultoria para mais de 70 empresas de grande porte, mas o mercado inteiro demanda esse tipo de solução, informa a companhia.