quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Eficiência energética de forma diferente


Os benefícios da eficiência energética vão além da redução do uso de energia.

No estudo “Capturing the multiple Benefits of Energy Efficiency”, publicado a 9 de Setembro, a AIE propõe aos governos que sigam uma abordagem de múltiplos benefícios à eficiência energética, “assinalando uma viragem da visão tradicional, na qual a eficiência energética se traduz apenas na redução da procura de energia, e reconhece o seu papel importante para melhorias sociais e econômicas concretas”. 

A análise alerta que, dada a atual subvalorização da eficiência energética e mantendo as políticas atuais, dois terços do seu potencial economicamente viável disponível até 2035 ficará bloqueado.

Para além dos benefícios já reconhecidos — poupanças no uso de energia, a redução das emissões de gases com efeito de estufa, a segurança energética, abastecimento energético, redução dos preços da energia —, o estudo enumera outros campos onde os efeitos podem ser positivos, nomeadamente impactos macro-económicos, produtividade industrial, mitigação da pobreza, saúde e bem-estar, emprego, diminuição da poluição ambiental, gestão de recursos, orçamentos públicos, rendimento disponível, valorização de bens.

Tendo como exemplo uma habitação residencial, a implementação de medidas de eficiência energética tornam a casa mais confortável, do ponto de vista térmico e mais saudável, melhorando consequentemente a saúde e bem-estar dos seus ocupantes. 

O resultado irá refletir-se, por exemplo, numa redução das despesas com saúde e do tempo útil de trabalho perdido devido a doença. 

Em termos monetários, de acordo com o estudo, as poupanças podem chegar até quatro dólares (cerca de 9 reais) por cada um investido.

“Este relatório mostra aos governos o caminho para investirem mais tempo na medição do impacto das políticas de eficiência energética, para melhorar o entendimento do seu papel na alavancagem do desenvolvimento econômico e social e para facilitar a concepção de políticas que maximizem os benefícios prioritários de cada país”, explica Maria van Hoeven, diretora-executiva da AIE. 

“Ao adotarem uma abordagem de múltiplos benefícios que a AIE advoga neste estudo, os governos podem ajudar a desbloquear o potencial da eficiência energética”, declarou.

A eficiência energética é muitas vezes referida como o “combustível escondido”, no entanto, a sensibilização para o seu potencial é cada vez maior. 

De acordo com a AIE, o mercado da eficiência energética está a crescer, com um investimento agregado anual de cerca de 300 mil milhões de dólares em 2012, um valor semelhante ao dos investimentos em carvão, petróleo ou gás. Por sua vez, as poupanças resultantes foram largamente superiores às de qualquer outro combustível, o que leva a AIE a apontar a eficiência energética como o “combustível de eleição” para os seus países.


AUTOR: Filipa Cardoso

FONTE: Edifícios e Energia