*Por Augusto Carvalho
A revolução causada pela adoção em massa da tecnologia no nosso dia a dia está transformando as cidades em verdadeiras Smart cities, que trazem, sem dúvida nenhuma, novas conveniências e mais agilidade para nossas vidas.
Mas, já imaginou uma cidade sem eletricidade – não só não seria smart, como rapidamente geraria uma situação caótica!
Para que as cidades inteligentes se tornem viáveis e funcionais é condição necessária existir um abastecimento ininterrupto de energia para suprir uma demanda que não para de crescer, de uma população cada vez mais exigente e conectada.
Já imaginou ficar sem luz em casa, na rua, não poder usar (ou ficar preso no) elevador, estragar a comida na geladeira, nem mesmo poder assistir um filme, telefonar, ou mesmo acessar e-mails, por falta de energia? Aterrador, não?
Cada vez mais, as cidades deverão garantir um abastecimento a 100% de energia elétrica: os prejuízos causados pela falta de energia serão cada vez maiores, tanto no setor público quanto no privado.
Contudo, como ainda não existem fontes inexauríveis de energia elétrica à nossa disposição – e as redes elétricas, como tudo neste mundo estão sujeitas a falhas, cabe usarmos a mesma inteligência que queremos nas nossas cidades para gerenciar os recursos energéticos de que dispomos - usinas de geração, e redes de transmissão e distribuição. Isso para garantir que não falte eletricidade e aconteçam os temíveis apagões.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, existe ainda a dificuldade acrescida de monitorar mais de mil usinas geradoras, e uma rede de transmissão com mais de 120.000 km de extensão, com linhas que podem chegar a ter três mil quilômetros cada (pouco maiores do que a extensão do Rio São Francisco) e em constante expansão.
E o sistema elétrico não pode falhar, nem um minuto. Consegue pensar em outra infraestrutura com requisitos de fiabilidade semelhantes?
Embora o desafio do setor seja grande, das mesmas proporções do nosso país, já existem soluções para melhorar a eficiência e fiabilidade da produção e transmissão de energia elétrica no Brasil, as chamadas redes inteligentes de energia, ou simplesmente, Smart Grids.
As Smart Grids vêm para resolver problemas bastantes conhecidos pelas empresas e consumidores de energia brasileira.
Como exemplo, obter em tempo real informação sobre o estado falhas nas redes de distribuição – você não teria mais de ligar para a concessionária a informar que faltou a luz.
A concessionária já saberia inclusivamente a causa da falha, porque o seu medidor e outros equipamentos na rede já a teriam informado.
Agora, imagine quando tudo o que conhecemos de equipamentos eletrônicos, domiciliares, profissionais e públicos estiverem de alguma forma conectados à internet, da geladeira ao ar-condicionado, no trabalho, em casa ou na rua.
Imagine – sua geladeira comunicando a seu celular que falta leite em casa! Seu ar condicionado se ligando 15 minutos antes de você chegar ao trabalho porque sua chegada foi comunicada automaticamente!
Se por um lado este cenário nos permite um grau de conforto e qualidade de vida há pouco tempo impensável, a falta de energia trará cada vez mais consequência - a energia nunca nós foi tão importante. Donde a importância de implantar soluções que previnam essa falta de energia.
As Smartcities, assim com a Internet de Todas as Coisas (IoT em inglês), conceito que conecta todos os objetos na rede mundial, já estão se tornando uma realidade. E essa inteligência toda se baseia na comunicação universal entre tudo o que estiver conectado.
Na realidade, a “Cidade Inteligente” está muito embasada no conceito de rede (elétrica) inteligente é a sua extensão natural. E a rede elétrica e de iluminação pública fornecem a matriz e infraestrutura física ideal para poder construir sistemas de comunicação entre esses milhões de “coisas” comunicando umas com as outras.
Estamos entrando em uma nova era, na qual a energia elétrica é cada vez mais a grande força motriz para todos os setores, substituindo até a gasolina como combustível de eleição – até nos nossos carros.
E para darmos continuidade a essa evolução de maneira sustentável teremos de agir com mais inteligência e inovação antes de sermos forçados a apagar nossa luz.
*Por Augusto Carvalho é Gerente para o setor de Energia Elétrica na Imagem