Grupo de trabalho do Plano Nacional de Eficiência Energética começa a se organizar para implementar ações previstas. Agentes do setor identificam grande potencial de economia de energia com as medidas propostas |
Setor industrial: grande potencial de redução do consumo de energia, segundo PNEf Pedro Aurélio Teixeira, para o Procel Info Na última quarta-feira, 7 de dezembro, foi dado o primeiro passo para que a eficiência energética se torne uma política de governo. O Grupo de Trabalho criado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) para implantar o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf) se reuniu pela primeira vez para elaborar as metas que deverão ser cumpridas para que se consiga economizar 10% de energia até 2030. De acordo com Hamilton Moss, diretor do Departamento Energético do MME, o momento é de organização. "O objetivo é cumprir com essa meta, que é ousada, mas nós temos tempo para cumpri-la. É um esforço contínuo, a gente vai ter que estar sempre atento, gerando novas ações", adianta. As metas do PNEf são consideradas ousadas, mas os agentes as consideram factíveis. Segundo Fernando Perrone, gerente de Projetos de Eficiência Energética do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e integrante do grupo de trabalho, as metas podem ser alcançadas com a união de todos. "Vai demandar uma grande articulação para que se crie uma sinergia nessas ações. As metas são viáveis e factíveis, existe uma gama de atividades que temos que desenvolver com agentes públicos e privados para conseguir essa meta", explica. No grupo de trabalho estão reunidos vários agentes do setor, além de associações e órgãos reguladores. A Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), uma das integrantes do grupo de trabalho, aposta na redução de perdas como uma boa fonte para o alcance das metas. "A expectativa é contribuir para que o agente possa trabalhar para reduzir as perdas devido ao uso incorreto de energia, que hoje está na faixa de 6%", comenta Nelson Fonseca Leite, presidente da Abradee. Ele também acredita que ações no campo da educação já testadas poderão ser mais aproveitadas. "Existe muita coisa a se fazer. O Procel nas escolas é um programa interessante e deveria ser colocado na grade escolar", observa. Todos apostam que o consumidor industrial terá um papel mais relevante no PNEf, uma vez que a ele caberá os maiores percentuais de redução. E é nas indústrias onde estão as maiores chances de novidades em termos de eficiência energética que poderão ser apresentadas. "A área de eficiência é tradicional, não há muitas inovações, mas no consumidor industrial há oportunidades, principalmente na questão de aplicação de processos em vários segmentos, como o de caldeiras, além da modernização de equipamentos. Uma auditoria feita pelo Procel em algumas indústrias apontou uma economia de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões nas despesas com energia", explica Moss. A Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) propõe que as indústrias reduzam sua emissão de gases por meio de ações de eficiência energética, valendo-se da isenção dos encargos RGR, CDE e P&D para executar esses projetos. Helder Sousa, especialista em energia da Abrace, justifica o uso desses encargos, em vez de empréstimos. "A tomada de empréstimos aumentaria o endividamento das empresas e no enfrentamento entre um projeto de eficiência energética e um de aumento de produção ganharia o de aumento de produção", afirma. PNEf vai demandar uma grande articulação para que se crie uma sinergia nessas ações. As metas são viáveis e factíveis, existe uma gama de atividades que temos que desenvolver com agentes públicos e privados para conseguir essa meta, diz Fernando Perrone, do Procel Esse novo olhar para o consumidor industrial também é um dos pleitos que a Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace) vai levar para o PNEf. Segundo Carlos Faria, presidente da associação, novas políticas devem ser adotadas para esse setor. "Os programas existentes hoje são muito focados nos consumidores residenciais, comerciais e no setor público. A nossa contribuição vai ser para que as políticas sejam adotadas visando o setor industrial, que é onde você tem o maior potencial de redução de eficiência energética", relata. Para que a eficiência energética deslanche com o PNEf, Moss defende que alguns entraves precisam ser debelados, como o tempo de retorno dos projetos, que nem sempre são curtos e um aumento no número de profissionais aptos a trabalhar com eficiência energética. "O profissional que trabalha com eficiência é um profissional multidisciplinar, a gente precisa formar essas pessoas, ampliar esse número", destaca. Já Carlos Faria coloca como entrave as condições de financiamento para projetos e uma maior atenção às empresas de conservação de energia. "A gente tem que lamentar um pouco as condições de financiamento oferecidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dar mais atenção às Escos (empresas de conservação de energia), criando mecanismos de incentivos para levá-las para o setor produtivo", aponta. Os recursos necessários para executar as ações que o PNEf propõe poderão não ser suficientes, e existe a possibilidade de mais financiamentos ou incentivos fiscais serem criados. No entanto, Hamilton Moss alerta que antes disso devem se esgotar todas as possibilidades já existentes de financiamentos. "Temos que lembrar que fontes já existentes, como Proesco e PEE (Programa de Eficiência Energética da Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica) não são totalmente utilizadas", lembra. O PNEf conseguiu o engajamento dos agentes do setor, que são unânimes em revelar que estão motivados e que existe um grande potencial a ser explorado em eficiência energética no país, como confirma Nelson Fonseca Leite, da Abradee. "Considerando que existe um desperdício da ordem de 18%, acreditamos que haja um potencial grande para ser atingido", observa. Carlos Faria, da Anace, conta que o país não pode perder mais uma oportunidade de traçar metas para a redução do consumo. "Infelizmente, quando o país passou pelo racionamento, o governo acabou evitando adotar um pacote de medidas destinado a diminuir os desperdícios. As iniciativas cotidianas já trouxeram boas práticas, nós fizemos uma análise do Procel e foi obtida uma economia de 13% de 2009 a 2010. Isso aí já é um resultado que significa uma produção de quase uma hidrelétrica de 1.500 MW", revela. |
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