quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Retrofit de iluminação e ganhos de eficiência

Retrofit é o termo usado para designar um processo de remodelação ou de modernização. 

Na “Wikipédia”, fala-se ainda em adaptação tecnológica, ou em revitalizar e atualizar construções. 

Enfim, o termo é de uso corrente na engenharia e arquitetura e especificamente na Iluminação. O retrofit extrapola o sentido de reforma, pois não é apenas uma restauração ou um retorno ao estado original de um edifício no início de sua vida útil. 

Ele propõe novas soluções que podem mudar totalmente as características originais. Antigos centros metropolitanos como o Rio de Janeiro e São Paulo apresentam oportunidades interessantes ao desenvolvimento desta técnica.

O retrofit de iluminação pode ser uma simples substituição de lâmpadas com a finalidade de tornar o sistema existente mais eficiente (aumento do nível de iluminação, com menor consumo de energia). 

Neste caso, não se mudam as luminárias. Em geral, a qualidade do sistema de iluminação está relacionado não tanto com a lâmpada que está sendo usada, mas muito mais com a luminária e o posicionamento da mesma. Sendo assim, este retrofit mais simples não atua na melhoria da qualidade.

Um segundo tipo de retrofit que pode ser feito seria a substituição de luminárias por modelos mais eficientes e o reposicionamento das mesmas. Este estudo deverá partir de premissas relacionadas ao atual uso do espaço. Com o passar dos anos, os edifícios mudam seus layouts e mudam até mesmo o tipo de atividade desenvolvida no local. 

Existe uma grande rotatividade de empresas nos centros urbanos. A globalização levou as empresas a se movimentarem pelo mundo em um curto espaço de tempo e as atividades por elas exercidas mudam o tempo todo. Os edifícios comerciais precisam então estar preparados para estas mudanças. A iluminação precisa ser dinâmica e também eficiente.

Como na arquitetura, um projeto de iluminação precisa de um partido a partir do qual o projeto irá se desenvolver. Vamos exemplificar:

Uma loja pode estar atualmente sendo iluminada por dicroicas de 50w, as mais comuns. O lojista acha que está gastando muita energia e gostaria de diminuir sua conta de luz, a partir de um retrofit de lâmpadas. Então podemos propor a troca das mesmas por dicroicas de 30w. Veja o que acontece:






Assim como nas lojas pode-se fazer o mesmo tipo de retrofit em escritórios e em indústrias, ou até mesmo numa residência.

Os fabricantes de lâmpadas estão muito atentos a esta questão de redução do consumo, além de preocupações com critérios de sustentabilidade de seus produtos. Segundo informação extraída do site da Osram, o consumo de energia com iluminação artificial é responsável por cerca e 19% do consumo mundial com eletricidade. Portanto, reduções de cerca de 30% em edifícios comerciais ou em indústrias pode ser significativo num ambito global. 

A legislação ambiental sobre iluminação está se tornando cada vez mais rigorosa. Foram criadas as diretivas EuP, EPBD e WEEE, que deverão ser cumpridas internacionalmente.

A EuP (Energy using Product) relativa ao ecodesign, recomenda o uso preferencial de equipamentos que tenham sido produzidos com um menor desperdício de energia e que também durante seu uso sejam econômicos. Esse assunto está diretamente ligado a necessidade de sustentabilidade.

A EPBD (Energy Performance Building Directive) que tem como objetivo classificar e certificar os edifícios comerciais pelos critérios de eficiência energética.

A WEEE (Waste from Electrical and Electronic Equipament) que recomenda a coleta e reciclagem das lâmpadas e reatores, responsabilidade do fabricante que deverá preocupar-se não só em vender mais e mais lâmpadas, mas também que destinos estas terão ao final de sua vida útil.


Veja o gráfico de critérios de sustentabilidade:
  
Gráfico extraído do site www.osram.com



A tecnologia led é a última palavra em retrofit. As lâmpadas de led são extremamente econômicas e apresentam uma vida útil mais longa. Em situações em que as luminárias fiquem acesas por um longo período de tempo, estas fontes luminosas são as ideais.

Existem modelos com bocal E27 para substituirem as tradicionais incandescentes, com um ganho de eficiência de cerca de 80%.

Pequenos leds em formato para substituição de halógenas bipolares de 12v, usadas em balizadores. Além do ganho de eficiência, elimina-se o problema de calor. Em geral, os balizadores são instalados numa altura baixa, facilmente alcançado pelas crianças.

Também podem ser encontrados leds encapsulados num formato de lâmpada fluorescente com soquetes compatíveis. Este modelo será a melhor opção para a redução de consumo na iluminação de escritórios e grandes lojas.

A necessidade de retrofit torna-se urgente e definitiva em todo o planeta. Normas estão sendo implantadas em todas as nações - cada uma com seu prazo - com a finalidade de restringir a fabricação das lâmpadas incandescentes convencionais (com filamentos de tungstenio que aquecidos emanam 90% de calor e apenas 10% de luz). 

Isso significa desperdício da energia dispendida neste processo e ainda a geração de calor excessivo para o ambiente, aumentando a necessidade do uso do ar condicionado, cujo consumo de energia é também uma preocupação.

Na Austrália, as lampadas incandescente de 40w já não são mais produzidas desde 2010. Na União Européia, o prazo é 2012 e nos EUA, 2013. Aqui no Brasil, o governo pretende eliminá-las do mercado até 2016, conforme divulgado no site Planeta Sustentável, da editora Abril.

Veja um comparativo de lâmpadas incandescente, fluorescente e led:


Gastos estimados, ao longo de cinco anos, para uma casa com vinte pontos de luz e utilização média de dez lâmpadas acesas durante seis horas:

Incandescentes
Fluorescentes
Led
Invest. Inicial
R$36,00
R$700,00
R$1500,00
Potencia Media
60W
18w
8w
Consumo de energia
6480 Kwh
1.944Kwh
1.080Kwh
Lamp.trocadas
110
14
-
Gasto c/ energia
R$2.628,00
R$778,00
R$345,00
Gasto c/lampadas
R$195,00
R$140,00
-
Gasto Total
R$2.859,00
R$1.618,00
R$1.845,00
* Inclui os reatores



 
Dados extraídos do site www.planetasustentavel.com.br

De onde conclui-se que o custo do led ao longo de 5 anos fica muito pouco mais caro do que o sistema de iluminação fluorescente, e a tendência é que cada vez mais estes valores se aproximem até que o gasto com retrofit de led seja igual ou menor que o de fluorescente.

A eficiência de uma lâmpada é medida em lumens por watt, ou seja, quanto a lâmpada produz de luz (em lumens) dividido pelo seu consumo (em watts).

Veja o que dizem as tabelas do Imetro e Procel em relação a incandescente versos fluorescente:
- Uma lampada incandescente soft de 100w, bocal E27, amostra do fabricante Osram, produz 1510 lumens, portanto tem uma eficiência de 15,1 lm/w e tem vida útil de 750 horas;

- Uma lampada fluorescente compacta de 26w, 2700K, amostra do fabricante FLC, produz 60 lm/w e tem vida útil de 2700 horas.

São estes dois aspectos, eficiência e vida útil, que darão parâmetro para a escolha da lâmpada. Outro aspecto é o custo. Como observa-se na tabela acima, o custo inicial de uma lâmpada de led é muito alto, mas em compensação a troca de lâmpada é nula, pois a vida útil é de cerca de 10.000 horas.

Pensando em todos os aspectos: custo, vida útil, nível de iluminação resultante, qualidade de iluminação resultante, adequação ao uso do ambiente, o lighting designer poderá fazer as melhores recomendações de retrofit.

Por: Ana Cristina Alvarez - Arquiteta com mestrado em conforto ambiental