Estudo aponta energia necessária para substituir toda a frota nacional e pede cautela quando à inovação automotiva
Da redação
Com montadoras apresentando cada vez mais modelos de carros elétricos e as primeiras experiências com veículos do tipo já em andamento, o assunto tem chamado a atenção no Brasil e está, inclusive, na pauta da presidente Dilma Rousseff, que pediu um estudo sobre a viabilidade da tecnologia.
A consultoria Andrade&Canellas, porém, se adiantou e divulgou nesta segunda-feira (5/12) alguns dados provenientes de pesquisas sobre o tema.
De acordo com os cálculos da empresa, a substituição dos veículos hoje em circulação no Brasil por modelos elétricos exigiria que o parque gerador produzisse mais 190.108GWh por ano. Colocando isso em termos práticos, seriam necessárias mais cinco hidrelétricas do porte de Belo Monte ou três como Itaipu.
“Em princípio, os veículos elétricos são opções interessantes para descarbonização da matriz de transportes. Mas é preciso atenção porque a eletricidade para abastecê-los terá de ser produzida de alguma forma, o que exigirá investimentos significativos no parque gerador e na infraestrutura de transmissão e distribuição”, afirma a gerente do Núcleo de Energia Térmica e Fontes Alternativas da Andrade & Canellas, Monica Rodrigues de Souza.
A análise é baseada em dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) - que apontam para uma frota de 39 milhões de veículos leves emplacados. Cada um deles consome em média 1,4 toneladas equivalentes de petróleo (tep) por ano, o que resulta num gasto total de 54 milhões de tep. O volume deve-se, em parte, ao desempenho dos motores a combustão interna, que trabalham com níveis de eficiência médios de apenas 27%
Nos motores elétricos, a eficiência é da ordem de 90%. Nesse caso, a conversão para eletricidade faria o consumo total cair para pouco mais de 16 milhões de tep por ano, o que equivale aos 190.108GWh estimados pela Andrade&Canellas. A consultoria compara o número com o fato de que Itaipu produziu 71.744GWh em 2010, enquanto Belo Monte deve gerar 39.360GWh quando estiver funcionando a plena carga.
“O Brasil deve ampliar de maneira muito consistente a produção de petróleo nos próximos anos. Diante desse fato e da disponibilidade de etanol a custo competitivo no país, a questão do carro elétrico precisa ser avaliada de maneira ampla, não apenas como uma panaceia que resolverá todo o problema da mudança climática”, aponta Monica, que ressalta que é preciso considerar os impactos ambientais das fontes de energia - fósseis ou renováveis.